- Sempre cuidei das
minhas coisas. De uns tempos pra cá, relaxei. Deve ser porque estamos juntos.
- Você acha?
- Sim. Nunca gostei
que mexessem no que é meu. E agora...
- Ah, eu nem sei onde
estão essas coisas de que você fala.
- Sabe, sim. É claro
que sabe.
- Não sei, não, ora.
No tubo, ela ouvia a conversa, pensava: desço ou não de escada rolante até as
bagagens?
Ia rápido, a bolsa
cruzada no corpo, o notebook na mão. Como pesa, e agora a mala, como tudo pesa!
Desengatou o carrinho e se dirigiu à esteira vazia.
- Dobro as camisetas
de um jeito diferente. Sempre dobrei assim.
- Nunca reparei nas
suas camisetas.
- Ah, é você que dobra
agora.
- Só tiro da máquina,
nem tenho tempo.
Interessante, eles
riam.
A mala vermelha levou
bem meia hora pra chegar.
E bom: descera na
escada comum.